sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Uma Reflexão



Neste final de semana, durante o encontro de formação para as comissões de jovens dos Conselhos Centrais do Conselho Metropolitano de Divinópolis os jovens prepararam uma grande “surpresa” para os participantes.







Um dos jovens, transvestido de mendigo, muito bem caracterizado, permaneceu deitado à porta da sede onde foi realizado o encontro. Somente a organização do encontro sabia da encenação e o objetivo era ver qual a reação, qual a atitude dos Jovens Vicentinos e da comunidade frente à situação do morador de rua.
Ao chegarem, os participantes do encontro se deparavam com a cena: um mendigo, sujo, mal vestido e pedindo dinheiro na entrada da sede. A mesma cena era presenciada pela comunidade local. A manhã era de frio, uma sensação térmica de 15 graus.
Às oito horas deu-se início ao encontro, fizemos as nossas inscrições, recebemos os nossos crachás e o mendigo lá fora, “recepcionando os encontristas”.  Fomos convidados a um ato de desapego, deixando na portaria, nossos celulares, relógio e tudo que nos fizesse desviar do objetivo do encontro.  O tema do encontro foi: Ver e Julgar e Agir, Juventude Vicentina no século XXI.
Fomos recepcionados com, um belo café da manhã.  E o mendigo lá fora...
A primeira palestra foi feita pelo Padre Geadler, assessor espiritual desta linda juventude. Ele falou sobre o “VER” e, no meio da sua palestra, o mendigo, sem fazer alarde, adentrou o salão de reunião, passando lentamente por entre os participantes, se dirigiu ao local do café e depois retornou, sem dizer uma palavra, e o padre continuou a sua fala sem titubear.
Grandes revelações
No final da sua palestra, o padre que também sabia da encenação, perguntou para a plateia se alguém tinha visto o mendigo, o chamou e fez a revelação: não se tratava realmente de um mendigo, mas sim de um jovem vicentino que teve a ousadia de se transvestir de mendigo para sentir na pele o que sente um morador de rua.

A plateia desabou. Até mesmo eu que sabia da encenação, não fui capaz de segurar a lágrima que escorria sobre o meu rosto, ao ouvir o relato do jovem: “Me senti excluído, renegado, sem personalidade, sozinho... Ninguém perguntou meu nome, ninguém se aproximou de mim, apenas jogavam algumas moedas... Ou desviavam do caminho para não se aproximar de mim.”
Ao serem questionados como se sentiam com a presença de um morador de rua no encontro, foram várias as respostas, mas uma foi de grande impacto: MEDO. Temos medo de nos aproximar, temos medo dessa violência que assola as nossas cidades. Outro questionamento surgiu: Como agir? O que fazer? Nós, jovens vicentinos não estamos preparados para enfrentar esta situação. De quem é a responsabilidade? O que o estado está fazendo neste caso?
Fica aí a reflexão... E  você? Como age ao se deparar com este morador de rua?                      


Este é o jovem Lucas, que se transvestiu de mendigo e provavelmente hoje vê o morador de rua de forma diferente.


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